quarta-feira, 27 de junho de 2012

Primeiro Vapor?

Fonte: Acervo pessoal  do Sr. Cosme

SALDANHA MARINHO: PRIMEIRO VAPOR

Ermi Ferrari Magalhães

O Imperador Pedro I, monarca de ideias avançadas para a sua época tomando conhecimento da existência, em seu Império, de um rio que ligava o Sul ao Norte, contratou o engenheiro Halfeld, alemão que estava em missão científica no país, para fazer uma viagem de levantamento geográfico do São Francisco, da cachoeira de Pirapora, até sua desembocadura no Oceano Atlântico.
         A viagem durou cerca de dois anos, meticuloso e muito organizado, Halfeld, fez levantamento e anotações sobre todos os acidentes geográficos do São Francisco, desde a Cachoeira de Pirapora até a desembocadura no Atlântico e elaborou substancial relatório, que entregou ao Imperador, no qual considerava o São Francisco navegável de Pirapora até a passagem da Juazeiro e na época das cheias até Santa Maria da Boa Vista.
Entusiasmado com o resultado da viagem de Halfeld, o Imperador encomendou um estaleiro Inglês, para a construção de embarcação apropriada a navegar no São Francisco. Chegou ao Rio de Janeiro, desmontada, e foi transportada até Sabará em Minas Gerais,  ás margens do Rio das Velhas, em uma viagem que durou mais de um ano. A montagem foi demorada, pois os recursos eram precários e as dificuldades  imensas mas com a colaboração de operários do Imperial Estaleiro Naval do Rio de Janeiro e dos técnicos ingleses, conseguiram concluir a montagem e a embarcação foi lançada nas águas do Rio das Velhas que, na época, era navegável.
Tripulados por oficiais e marinheiros da Imperial Marinha do Brasil, a embarcação com o nome de Almirante Saldanha Marinho, desceu o Rio das Velhas, até a Barra do Guaicui, e entrou no São Francisco descendo até o porto do Juazeiro, onde foi recebida com festas bem maiores do que a oferecida pelas demais cidades ribeirinhas.
O Saldanha Marinho foi denominado pelos barranqueiros com o nome de vapor, pois suas rodas laterais eram movidas por uma caldeira de para produzir o vapor necessário á movimentação.
O Saldanha Marinho chegou a fazer viagens a Santa Maria da Boa Vista e, durante muitos anos, viajou de Juazeiro a Pirapora, conduzindo passageiros e cargas, rebocando uma lancha até a década de 60, quando deixou de navegar. Foi desmontado e armado numa praça no cais de Juazeiro, transformando-se em bar e restaurante. Em 1988, um incêndio destruiu toda a estrutura de madeira.
Em 1990, foi reconstruído e continua sendo uma das atrações turísticas da cidade.

Livro: Navegação do Rio São Francisco

Digitado por Felipe Almeida de Souza

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