Fonte: Acervo pessoal do Sr. Cosme
SALDANHA MARINHO:
PRIMEIRO VAPOR
Ermi
Ferrari Magalhães
O
Imperador Pedro I, monarca de ideias avançadas para a sua época tomando conhecimento
da existência, em seu Império, de um rio que ligava o Sul ao Norte, contratou o
engenheiro Halfeld, alemão que estava em missão científica no país, para fazer
uma viagem de levantamento geográfico do São Francisco, da cachoeira de
Pirapora, até sua desembocadura no Oceano Atlântico.
A viagem durou cerca de dois anos,
meticuloso e muito organizado, Halfeld, fez levantamento e anotações sobre
todos os acidentes geográficos do São Francisco, desde a Cachoeira de Pirapora
até a desembocadura no Atlântico e elaborou substancial relatório, que entregou
ao Imperador, no qual considerava o São Francisco navegável de Pirapora até a
passagem da Juazeiro e na época das cheias até Santa Maria da Boa Vista.
Entusiasmado
com o resultado da viagem de Halfeld, o Imperador encomendou um estaleiro
Inglês, para a construção de embarcação apropriada a navegar no São Francisco.
Chegou ao Rio de Janeiro, desmontada, e foi transportada até Sabará em Minas
Gerais, ás margens do Rio das Velhas, em
uma viagem que durou mais de um ano. A montagem foi demorada, pois os recursos
eram precários e as dificuldades imensas
mas com a colaboração de operários do Imperial Estaleiro Naval do Rio de
Janeiro e dos técnicos ingleses, conseguiram concluir a montagem e a embarcação
foi lançada nas águas do Rio das Velhas que, na época, era navegável.
Tripulados
por oficiais e marinheiros da Imperial Marinha do Brasil, a embarcação com o
nome de Almirante Saldanha Marinho, desceu o Rio das Velhas, até a Barra do
Guaicui, e entrou no São Francisco descendo até o porto do Juazeiro, onde foi
recebida com festas bem maiores do que a oferecida pelas demais cidades
ribeirinhas.
O
Saldanha Marinho foi denominado pelos barranqueiros com o nome de vapor, pois
suas rodas laterais eram movidas por uma caldeira de para produzir o vapor
necessário á movimentação.
O
Saldanha Marinho chegou a fazer viagens a Santa Maria da Boa Vista e, durante
muitos anos, viajou de Juazeiro a Pirapora, conduzindo passageiros e cargas,
rebocando uma lancha até a década de 60, quando deixou de navegar. Foi
desmontado e armado numa praça no cais de Juazeiro, transformando-se em bar e
restaurante. Em 1988, um incêndio destruiu toda a estrutura de madeira.
Em
1990, foi reconstruído e continua sendo uma das atrações turísticas da cidade.
Livro: Navegação do Rio São Francisco
Digitado por Felipe Almeida de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário