Livro disponível na biblioteca da Diocese de Juazeiro e na biblioteca do CAJ
domingo, 4 de novembro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
terça-feira, 21 de agosto de 2012
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
LIVRO DE MEMÓRIAS
O FOLCLORE DE JUAZEIRO NAS MEMÓRIAS DE UM RIBEIRINHO
Cixto
de Assis Bandeira Filho - é professor da Universidade
Federal do Vale do São Francisco – Senhor do Bonfim . Fotógrafo, Artista Plástico e
pesquisador da cultura e da arte.
Vanderléa
Andrade Pereira – é professora da Universidade Federal do Piaui – Picos. Contadora
de histórias e inventadeira de palavras
e figuras.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
História do Município de Juazeiro Bahia
(Dados colhidos pelo autor Walter de Castro Dourado e extraídos de sua obra – “Juazeiro da Bahia à luz da História.”)
Aldeia
Constituída de
índios cariris, descendentes dos Tapuias, então denominados – coroados-
formou-se nos arredores da atual cidade de Juazeiro, um núcleo habitacional
palhoças espalhadas por diversos pontos, nas proximidades do Rio São Francisco.
Era a aldeia de Juazeiro, existente nos primórdios do século XVIII.
Em 1706 a aldeia era visitada por frades procedentes de Santo Antonio do
Pambú, depois denominado Capim grosso e finalmente Curaçá. Entretanto, somente
em 1707 foi estabelecida a Missão, com o nome de Juazeiro de N. S. das Grotas.
fonte: http://www.infoescola.com
Lenda Primitiva
Os cariris perambulavam pela região, caçando, pescando e extraindo
frutos e raízes destinadas à sua subsistência.
As Grotas estão situadas nas
proximidades dos juazeiros, onde as tropas jaziam repousando a fim de atravessaram depois, da margem direita (Bahia) à esquerda
(Pernambuco), indo até o Piauí. Por isso o local situado no território baiano
ficou sendo chamado – Passagem dos Juazeiros ou simplesmente – Passagem de
Juazeiro.
Então, uma imagem foi encontrada
pelos índios cariris, os quais a levaram aos frades capuchos. Estes cuidaram
logo da edificação de uma igreja ou capela coberta de palhas de carnaubeiras, e
iniciaram a construção de um convento para abrigo dos membros da comunidade,
fundando-se assim a Missão de N. S. das Grotas de Juazeiro.
Nestes recuados tempos, dependíamos de Curaçá, antigo Pambú, donde
vieram os frades referidos. Nas
imediações não existiam povoados com sólidas bases habitacionais. Longe da margem
do Rio São Francisco, ao lado esquerdo, sucumbida no boqueirão de serras, jazia
o povoado de Cachoeira do Roberto, caminho do Piauí. Defronte de Juazeiro, na
primitiva aldeia, a ilha de N. Senhora; mais acima onde atualmente se situam as
duas cidades – Juazeiro e Petrolina – a ilha do fogo, com o seu morro
resplandecente e, em terra firme, um lajedo e nenhum sinal de presença humana.
E de um deserto onde medram apenas cactos e vegetação rasteira.
O Povoado
No ano de 1767, Quando governava a Bahia D. Antonio Rolim de Moura
Tavares, conde de Azambuja, o povoado da Missão de Juazeiro foi elevado à
categoria de julgado, sob a jurisdição de Jacobina.
A Vila
O Primeiro Magistrado
A emancipação política de uma localidade
é assinalada mediante a criação do município independente, o que foi feito
conforme a lei de 9 de março de 1833, desmembrando-se Juazeiro de Sento Sé.
A
instalação da Câmara Municipal realizou-se a 11 de junho de 1834.
O Dr. José Ferreira Souto foi o primeiro magistrado do novo município.
A Cidade
Por lei de 1814, de 15 de julho de 1878, foi a vila do Juazeiro elevada
à categoria de cidade. A instalação do município, com tal prerrogativa,
realizou-se a 8 de setembro de 1878, data consagrada à padroeira.
A MAJESTOSA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
Ao chegarem os trilhos da ferrovia de Juazeiro (1896), construiu-se uma
plataforma e dois pavimentos, ou seja, barracões destinados ao armazenamento de
mercadorias. O Dr. Argolo então arrendatário da estrada, traçou o plano e
construiu o importante edifício da estação de Juazeiro, o qual foi
impiedosamente demolido na ocasião da construção da ponte sobre o Rio S.
Francisco. Era um primor de arte constituindo-se num monumento arquitetônico de
grande valor e significação, conforme se verifica através da descrição feita
pelo jornal “Folha do Povo” transcrito no livro “Juazeiro na Estreita do
Tempo”, de autoria do Dr. Edson Ribeiro.
A referida Estação Ferroviária foi inaugurada em 1907.
fonte: http://www.ibamendes.com
MERCADO MUNICIPAL
Edificado na margem do rio, no centro comercial da cidade, foi batido a
pedra fundamental desta construção em 1912. Foi inaugurado a 2 de julho de
1916.
CAIS DO PORTO
Batida a pedra fundamental da obra, logo no inicio de sua administração,
tratou Aprígio Duarte de prosseguir nos trabalhos de construção de rampas, onde
foi modificado depois, quando se construiu novo cais.
fonte: sentoseemfoco.webnode.com.br
Retirado do livro: História do Município de Juazeiro (Resumo)
terça-feira, 10 de julho de 2012
O Rio e o Folclore
Assombrações
do Velho Chico
fonte da imagem : http://parlim.blogspot.com.br
O rio era menino, sem barcas, vapores,
remeiros e vaporzeiros. No barranco vivia o índio que, com sua canoa, se
deslocava para ilhas e vazantes, onde plantava e pescava em coroas e peraus.
Um dia chegaram novos povoadores,
brancos vindos de outras terras, outros horizontes. Era gente da Garcia D’Ávila
que trazia a missão de abrir roças, instalar currais e fazendas, que mais tarde
seriam povoados, vilas e cidades. Vindo das praias, planícies e montanhas do
Portugal. Gente brava, trabalhadeira e corajosa e que, por espírito de
aventura, uns, desejo de riqueza, outros, cumprindo castigos muitos, chegou à
beira do rio em busca de vida nova.
Dos índios ouviram as primeiras históricas
de assombrações que moravam no rio. Com o passar do tempo, os portugueses
começaram a criar novas assombrações, geradas nas longas noites de solidão,
escuridão e medo, às quais deram nomes que as almas do outro mundo dos índios
não tinham. Dessa forma surgiu o Nego d’água que morava nos peraus, e de quando
em quando, aparecia nas pedras e coroas para esquentar-se do sol, sempre com os
filhos negrinhos. A mulher Nega d’água jamais foi criada e ninguém jamais soube
explicar qual a razão. Até bem pouco tempo muita gente juntava e batia fé,
dizendo ter visto o Nego d’água. Foi também criada a história de que o Nego
d’água espantava os peixes do caminho de pescadores que não jogavam no rio
pedaços de fumo de corda, antes de sair para pescaria. Também diziam que o nego
d’água virava canoa de pescador que não colocava faca afiada no fundo de sua
embarcação. Criou o Cabeção, figura disforme com a cabeça imensa, que saía do
rio de vez em quando para assombrar pescadores. O Minhocão, outra assombração
que provinha dos peraus, onde morava para destruir barracos, roças, prejudicar
as pescarias. Até serpentes encantadas, inventaram os povoadores brancos.
Quando menino, aqui em Juazeiro, onde nasci, vezes sem conta, ouvi contar
histórias de pregação de um padre capuchinho feita no tempo em que Juazeiro
ainda era vila, quando o sacerdote disse que na Ilha do Fogo morava uma
serpente encantada que vivia presa em um fio de cabelo de Nossa Senhora das
Grotas. Essa serpente, disse o frade, se os homens não deixassem o pecado e as
mulheres continuassem tomando os maridos alheios, ela quebraria o fio de cabelo
de Nossa Senhora onde estava presa, sairia do perau onde morava e destruiria
Juazeiro e Petrolina.
Assombrações criadas pelo medo e
solidão das noites de temor, ouvindo o ronco dos animais que viviam no barranco
e bater dos peixes no rio, foram transmitidas de pai para filho, tornando-se
famosas, passaram a fazer parte da vida de todos quantos moravam ao longo do
rio.
Com o aumento do movimento de barcas,
vapores e empurradores que viajavam rio
acima, rio abaixo, as assombrações foram sendo espantadas e desapareceram. Hoje
vivem na lembrança dos mais velhos, apenas lembranças que o tempo se encarregará
de fazer com que desapareçam, ( se não houver que as preservem).
Ermi
Ferrari Magalhães
(retirado do livro Navegação no Rio São Francisco)
sábado, 7 de julho de 2012
Lampião no município de Juazeiro
“Vindo das bandas do Cumbe,
atualmente Euclides da Cunha, Lampião, em seguida à primeira luta travada em
território baiano, onde morreram os soldados Juvenal A. da Silva e Francisco G.
Filho, bem como o Sargento José Joaquim de Miranda, em companhia de bandidos,
inclusive Corisco, tomou a direção do município de juazeiro, passando pelo lado
leste das terras do município de Curaçá. Percorrendo várias léguas/dia, teve a
polícia do Tenente Odonel no seu encalço e foram direto ao povoado da Abóbora,
onde existiam nada menos de 15 casas, um recém inaugurado cemitério e um
barracão de feira, este no local onde existem um mercado. Discutia-se àquela
época, se Abóbora estava no município de Senhor do Bonfim ou de Juazeiro,
pendência que foi resolvida anos depois com a criação do município de
Jaguarari, ocasião em que se fez a linha divisória dos municípios pela parte
Leste do povoado, hoje vila, que passou a pertencer, desta forma, a Juazeiro. “
Livro: Lampião no Município de Juazeiro - Jorge de Souza
Duarte
(retirado do blog
de Parlim - http://parlim.blogspot.com.br/)
quarta-feira, 4 de julho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Primeiro Vapor?
Fonte: Acervo pessoal do Sr. Cosme
SALDANHA MARINHO:
PRIMEIRO VAPOR
Ermi
Ferrari Magalhães
O
Imperador Pedro I, monarca de ideias avançadas para a sua época tomando conhecimento
da existência, em seu Império, de um rio que ligava o Sul ao Norte, contratou o
engenheiro Halfeld, alemão que estava em missão científica no país, para fazer
uma viagem de levantamento geográfico do São Francisco, da cachoeira de
Pirapora, até sua desembocadura no Oceano Atlântico.
A viagem durou cerca de dois anos,
meticuloso e muito organizado, Halfeld, fez levantamento e anotações sobre
todos os acidentes geográficos do São Francisco, desde a Cachoeira de Pirapora
até a desembocadura no Atlântico e elaborou substancial relatório, que entregou
ao Imperador, no qual considerava o São Francisco navegável de Pirapora até a
passagem da Juazeiro e na época das cheias até Santa Maria da Boa Vista.
Entusiasmado
com o resultado da viagem de Halfeld, o Imperador encomendou um estaleiro
Inglês, para a construção de embarcação apropriada a navegar no São Francisco.
Chegou ao Rio de Janeiro, desmontada, e foi transportada até Sabará em Minas
Gerais, ás margens do Rio das Velhas, em
uma viagem que durou mais de um ano. A montagem foi demorada, pois os recursos
eram precários e as dificuldades imensas
mas com a colaboração de operários do Imperial Estaleiro Naval do Rio de
Janeiro e dos técnicos ingleses, conseguiram concluir a montagem e a embarcação
foi lançada nas águas do Rio das Velhas que, na época, era navegável.
Tripulados
por oficiais e marinheiros da Imperial Marinha do Brasil, a embarcação com o
nome de Almirante Saldanha Marinho, desceu o Rio das Velhas, até a Barra do
Guaicui, e entrou no São Francisco descendo até o porto do Juazeiro, onde foi
recebida com festas bem maiores do que a oferecida pelas demais cidades
ribeirinhas.
O
Saldanha Marinho foi denominado pelos barranqueiros com o nome de vapor, pois
suas rodas laterais eram movidas por uma caldeira de para produzir o vapor
necessário á movimentação.
O
Saldanha Marinho chegou a fazer viagens a Santa Maria da Boa Vista e, durante
muitos anos, viajou de Juazeiro a Pirapora, conduzindo passageiros e cargas,
rebocando uma lancha até a década de 60, quando deixou de navegar. Foi
desmontado e armado numa praça no cais de Juazeiro, transformando-se em bar e
restaurante. Em 1988, um incêndio destruiu toda a estrutura de madeira.
Em
1990, foi reconstruído e continua sendo uma das atrações turísticas da cidade.
Livro: Navegação do Rio São Francisco
Digitado por Felipe Almeida de Souza
Primeira Embarcação
fonte: http://www.consciencia.org/barqueiros-do-rio-sao-francisco
AJOUJOS
Primeira experiência no transporte de cargas
Ermi Ferrari Magalhães
Descoberto, o Brasil
transformou- se em colônia de Portugal, onde o rei, para tornar mais fácil a
colonização, deliberou a sua divisão em sesmarias, que foram doadas aos nobres
de sua estima. Uma dessas sesmarias, abrangendo grande parte de área do vale do
São Francisco foi doada ao nobre Garcia D` Ávila que, instalando no litoral, na
sua casa da torre, resolveu deslocar uma parte de seus servos, para ocupar
terras nas margens do Rio São Francisco, com a recomendação de implantar roças,
criar gado vindo do litoral, em currais, que serviram de base para povoados, vilas e futuras cidades, que,
atualmente, existem nas margens do rio.
Esses
colonizados, conhecidos como gente de Garcia D`Ávila, sentiram, com o
desenvolvimento das roças, currais e povoados, fruto de um trabalho persistente
e organizado, a necessidade de embarcações para transportar o sal vindo do
litoral, os produtos do reino, necessários à sobrevivência na margem do rio.
Talvez
com a experiência de outros rios juntaram cerca de quatro a cinco canoas dos
índios, amarrando- as com tiras de couro cru e cipós, formando os Ajoujos, criando,
deste modo, as primeiras embarcações empregadas no transporte de cargas, no São
Francisco. Esses Ajoujos desciam o rio para os portos de acesso aos caminhos do
litoral, que começavam a ser implantados. Levavam produtos das fazendas e
voltavam com produtos do reino.
Dessa
forma, segundo consta de antigos documentos, foi iniciado o transporte de
cargas ao longo do rio. Embora precário, na época, razoavelmente resolvia o
problema.
Fonte: Livro: Navegação
No Rio São Francisco
Texto digitado pela
aluna Micaela
Reisado
Reisado
Juazeiro - BA, Rodeadouro, 06 de janeiro de 1972
Antonila da França Cardoso
Encoberto pela
noite, um grupo de homens, mulheres e crianças caminha em direção a uma determinada
casa. Vão sem fazer ruído e as poucas conversas são sussurradas. À frente, uma
senhora conduz um lampião a querosene para clarear o caminho.
Avisadas, com
antecedência, sobre o dia em que receberão a visita do Reisado, as famílias
preparam bolos, biscoitos e bebidas pra oferecer aos visitantes. Ao pressentir
a aproximação do grupo, os donos da casa escolhida fecham a porta e aguardam do
lado de dentro.
Diante da porta
fechada, o grupo se organiza e entoa o Bendito do Reisado:
“Ô de
casa, nobre gente
Escutai
o que direi
E do
Partido Oriente
A chegada
dos Três Reis
Os Três
Reis quando souberam
Que era
nascido o Messias
Montaram
em seus cavalos
Com
prazer e alegria
O
primeiro trouxe ouro
Para
seu trono ornar
O
segundo trouxe incenso
Para
seu trono incensar
O
terceiro trouxe mirra
Para
saber se é mortal
E com a
Virgem Maria
Receber
seu bento Filho
Bateu
asas, cantou galo
Quando
o Salvador nasceu
Cantam
anjos nas alturas
Gloria
in excelsis Dei
Senhora
dona de casa
Não me
mostre cara feia
Que do
céu vem lhe caindo
Pinguinhos
d’água de cheiro
Me abra
a porta que eu morro
Não
abra que eu já morri
Não me
faça perder a alma
Que a
vida eu já perdi
Senhora
dona de casa
É uma
flor de melancia
Parece
estrela d’alva
Quando
vem rompendo o dia”
Ao concluir esta
estrofe, o grupo é tomado de animação diferente. Soam os atabaques, tambores de
couro, pandeiros e triângulos. As mulheres e as crianças batem no ritmo
vigoroso do samba-de-véio.
“Ô me
abre a porta
Ô sinhá
ê
Que eu
quero entrar
Ô sinhá
ê
Eu
venho de longe
Ô sinhá
ê
Quero
vadiar
Ô sinhá
ê”
A porta é aberta e
os donos da casa recebem o Reisado, com maior alegria e muitas palmas. O grupo
entra e o samba-de-véio começa animado:
“Chora
viola, chora mais eu
Chora
viola, quem vai embora sou eu”
Uma moça joga o verso:
“Quando
saí lá de casa
Minha
mãe me encomendou
Minha
filha não apanhe
Que sua
mãe nunca apanhou”
O coro responde:
“Chora
viola, chora mais eu
Chora
viola, quem vai embora sou eu”
Um rapaz joga um verso provocando as moças:
“Essas
mocinhas de hoje
Não
namoram um rapaz só
Namora
com três e quatro
Pra
ganhar lata de pó”
O grupo responde animado:
“Chora
viola, chora mais eu...
Uma moça responde à provocação
“Os
rapaz de hoje em dia
Não sei
o que estão pensando
Namora
as mulhé casada
Deixa
as solteiras penando”
Soam gargalhadas e, agora, as torcidas já estão divididas:
“Essas
mocinhas de hoje
Que só
pensa em se casar
Bota a
panela no fogo
Mas não
sabe cozinhar
Chora
viola...”
Os donos da casa vão
servindo café com bolo, aguardente, e o samba prossegue durante cerca de meia
hora. O grupo se desprende, os instrumentos silenciam e o Reisado, agora com
acompanhamento acrescido das pessoas visitadas, vai apresentar-se em outra
casa.
Geralmente 6 casas
são visitadas por noite e, na última, o samba-de-veio vai até o sol raiar.
Na mesma vila do
Rodeadouro, pesquisamos outro Reisado em tudo semelhante ao descrito, mas
entoando este Bendito:
“Bendito
louvado seja
O
Menino-Deus nascido
E que
no ventre de Maria
Nove
mês foi aparecido
E
aparecido em Roma
Revestido
no altar
Cálix
de ouro na mão
Nova
missa e missa nova
Hoje
noite de Natal
Neste
terreiro eu assento
Que eu
já venho muito cansada
De
longe trago notícia
Que o
nosso Reis já está ganhando”
O último verso é
referência à classificação que, em tempo passado, era feita pelo povo entre os
vários Reisados do lugarejo.
Livro: Nosso
Vale... Seu Folclore Beira-Rio
Digitado
pela aluna Beatriz Cavalcanti
Gongos Em Juazeiro -Bahia
Retirado de: http://culturalaeca.blogspot.com.br/p/congos-juazeiro-ba.html
OS CONGOS
Juazeiro-BA, 30 de
outubro de 1972
Antonila da França Cardoso
Os festejos de Congos, em
Juazeiro costumam ocorrer em fins de outubro ou início de novembro e está ligada
às homenagens à Nossa Senhora do Rosário.
Às seis horas da manhã, eles estão
nas ruas festejando sua padroeira. Vozes rouquinhas, desencontradas, arfantes
pelo esforço despendido na marcação dos passos, cantam com grande entusiasmo:
“A
Viuge do Rosaro
É a
nossa guia
Louvemos
a Deus
E a
viuge Maria”
Neste ano, trajam calças brancas e
blusas azuis com golas cor de rosa; vivos azuis na gola tipo marinheiro e cor
de rosa na boca das mangas. As divisas de hierarquia são colocadas na
gravatinha curta. Na cabeça, bicos brancos,
com pedacinhos de espelho incrustados.
À frente do grupo, o zelador com a bandeira do Rosário. Em
fila dupla, os Congos encabeçados pelos seus guias – dois exímios pandeiristas.
Nota-se atualmente a expressiva redução numérica do grupo e a presença quase
maciça de crianças. Sempre dançando, os Congos se dirigem à casa do Rei e da
rainha do ano:
“Nossa
Rainha mandou-me chamar
Nossa
Rainha mandou-me chamar
Vamos
a terra pisar devagar
Vamos
a terra pisar devagar ”
Os soberanos muito bem trajados aguardam
a chegada dos Congos e juntos se dirigem à Catedral de Nossa Senhora das
Grotas. O rei vai à frente seguido do grupo que vai dançando e soltando fogos.
“Que
Senhora é aquela
Quem
vem naquela bandeira?
-É a
Virgem do Rosário
Que
ela é nossa padroeira
Que
Senhora é aquela
Quem
vem nas alturas?
-É a
Virgem do Rosário
Mãe de Deus, a Virgem pura
Menina
da saia branca
Que é
que traz nesse balaio?
-Trago
cravos e rosas
Para
a Virgem do Rosário”
Até o final da década de 1950, os Congos
costumavam realizar a Cerimônia do Mastro, em frente à Igreja de N.Sª das
Grotas sob a orientação de José Cassiano e, posteriormente, Cipriano. Oito dias
antes da festa, os Congos se dirigiam à Praça Matriz cantando, com todo
respeito:
“Vamos à Igreja
Vamos louvar
O pé do Cruzeiro
Vamos beijar”
Junto ao velho cruzeiro que ali havia, fincavam o mastro, em cuja
extremidade superior havia um quadro de tecido cor de rosa, pintado nas duas
faces com a imagem de N.Sª do Rosário, em moldura de madeira. Uma carretilha
fazia o quadro girar ao sabor do vento. Durante a cerimônia cantavam os mesmos
versos que cantam hoje ao se dirigirem à Catedral. O mastro ali permanecia até
sete dias após os festejos. No dia da festa, os Congos, devidamente
uniformizados, acompanhavam os futuros reis até a Igreja, cantando:
“Alegre
gente
Que
vou levar
Rainha
nova
Pra
coroar”
Durante a missa festiva o próprio
padre coroava os reis, após o que os Congos deixavam a igreja e iam derrubar o
mastro. Este era conduzido para a casa da rainha recém –coroada, onde
permaneceria até o ano seguinte. No percurso e volta os Congos também
acompanhavam, até suas casas, os reis do ano anterior, entoando a forma variante
da mesma quadrinha:
“Alegre gente
Que vou levar
Rainha velha
Pra entregar”
Esta cerimônia deixou de ser
realizada há cerca de12 anos. Atualmente, ao chegarem à catedral os Congos
entram em silêncio e ocupam os primeiros lugares. Às nove horas, participam da
missa solene em louvor de sua padroeira. Ao final da cerimônia, dançam em redor
da Catedral e reconduzem os reis à sua residência, sempre cantando:
“Viva
Maria no céu
Viva
Maria no céu
Viva
Maria no céu e na terra
Junto
com nosso Senhor.”
Em casa dos soberanos, régio café os aguarda.
No ano em que não há pagadores de promessa, ou se estes não têm condições de
oferecer-lhes o café, os Congos o tomam em casa do seu chefe, ou do seu guia, o velho Berto (Bertolino Cardoso
dos Santos), responsável pela direção dos ensaios desde um mês antes da festa.
O resto do dia os Congos gastam em seus
folguedos, dançando e bebendo cana. Costumam
visitar a casa de alguns de seus companheiros, membros da irmandade de Nossa
Senhora do Rosário, ou de pessoas que, de alguma maneira, contribuem para o
brilhantismo de sua festa. Nessas casas, costumam beber e, antes de retirar-se,
dançam um pouco em sinal de agradecimento:
“É
marujo do mar
-Marinheiro
só
Eu
também sou do mar
Marinheiro
só”
Seus cantos são uma mistura de louvor
à Virgem do Rosário e melancólicas toadas de marujos:
“Eu
sou marinheiro arrojado
Nos
mastros da gaioneira*
A
viugem Santa do Rosário
E a nossa padroeira
E a
nossa padroeira
A
viugem Santa do Rosário
Valei-me Nossa Senhora
E a cruz do
santo sacrário
Eu sou marinheiro arrojado...
Convidemos Vosssa Graça
Nem que seja num só fim
Vamos louvar a senhora
E ao
amado São Domingos
Eu sou marinheiro arrojado...
Ao
Senhor dos Navegantes
Seja o nosso amparo
A estrela que nos guia
E a Senhora do rosário
Eu
sou marinheiro arrojado...
Eu
sou navegante sem barco
Venha vós nos amparar
A Senhora
do Rosário
No céu, na terra e no mar
Eu sou “marinheiro...”
* gaioneira- deturpação do vocábulo
canhoneira.
Livro: Nosso
Vale... Seu Folclore Beira-Rio
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