domingo, 4 de novembro de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Leia o blog do PARLIM


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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

SERPENTE DA ILHA DO FOGO






LENDA DO RIO OPARA






LIVRO DE MEMÓRIAS

O FOLCLORE  DE JUAZEIRO NAS MEMÓRIAS DE UM RIBEIRINHO





Cixto de Assis  Bandeira Filho  - é professor da  Universidade  Federal  do Vale do  São Francisco – Senhor  do Bonfim . Fotógrafo, Artista Plástico e pesquisador da cultura e da arte.

Vanderléa Andrade Pereira – é professora da Universidade Federal do Piaui – Picos. Contadora de histórias e inventadeira  de palavras e figuras. 


quarta-feira, 11 de julho de 2012

História do Município de Juazeiro Bahia



(Dados colhidos pelo autor Walter  de Castro Dourado e extraídos de sua obra – “Juazeiro da Bahia à luz da História.”)


Aldeia

     Constituída de índios cariris, descendentes dos Tapuias, então denominados – coroados- formou-se nos arredores da atual cidade de Juazeiro, um núcleo habitacional palhoças espalhadas por diversos pontos, nas proximidades do Rio São Francisco. Era a aldeia de Juazeiro, existente nos primórdios do século XVIII.
      Em 1706 a aldeia era visitada por frades procedentes de Santo Antonio do Pambú, depois denominado Capim grosso e finalmente Curaçá. Entretanto, somente em 1707 foi estabelecida a Missão, com o nome de Juazeiro de N. S. das Grotas.


Lenda Primitiva

      Os cariris perambulavam pela região, caçando, pescando e extraindo frutos e raízes destinadas à sua subsistência.
       As  Grotas estão situadas nas proximidades dos juazeiros, onde as tropas jaziam repousando  a fim de atravessaram depois, da  margem direita (Bahia) à esquerda (Pernambuco), indo até o Piauí. Por isso o local situado no território baiano ficou sendo chamado – Passagem dos Juazeiros ou simplesmente – Passagem de Juazeiro.
     Então, uma imagem foi encontrada pelos índios cariris, os quais a levaram aos frades capuchos. Estes cuidaram logo da edificação de uma igreja ou capela coberta de palhas de carnaubeiras, e iniciaram a construção de um convento para abrigo dos membros da comunidade, fundando-se assim a Missão de N. S. das Grotas de Juazeiro.
      Nestes recuados tempos, dependíamos de Curaçá, antigo Pambú, donde vieram os frades  referidos. Nas imediações não existiam povoados com sólidas bases habitacionais. Longe da margem do Rio São Francisco, ao lado esquerdo, sucumbida no boqueirão de serras, jazia o povoado de Cachoeira do Roberto, caminho do Piauí. Defronte de Juazeiro, na primitiva aldeia, a ilha de N. Senhora; mais acima onde atualmente se situam as duas cidades – Juazeiro e Petrolina – a ilha do fogo, com o seu morro resplandecente e, em terra firme, um lajedo e nenhum sinal de presença humana. E de um deserto onde medram apenas cactos e vegetação rasteira.



O Povoado
      No ano de 1767, Quando governava a Bahia  D. Antonio Rolim de Moura Tavares, conde de Azambuja, o povoado da Missão de Juazeiro foi elevado à categoria de julgado, sob a jurisdição de Jacobina.

A Vila
O Primeiro Magistrado

      A emancipação política de uma localidade é assinalada mediante a criação do município independente, o que foi feito conforme a lei de 9 de março de 1833, desmembrando-se Juazeiro de Sento Sé.
      A instalação da Câmara Municipal realizou-se a  11  de  junho de 1834.
      O Dr. José Ferreira  Souto foi o primeiro magistrado  do novo município.

A Cidade

     Por lei de 1814, de 15 de julho de 1878, foi a vila do Juazeiro elevada à categoria de cidade. A instalação do município, com tal prerrogativa, realizou-se a 8 de setembro de 1878, data consagrada à padroeira.

                                          fonte:  http://parlim.blogspot.com.br

A MAJESTOSA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

      Ao chegarem os trilhos da ferrovia de Juazeiro (1896), construiu-se uma plataforma e dois pavimentos, ou seja, barracões destinados ao armazenamento de mercadorias. O Dr. Argolo então arrendatário da estrada, traçou o plano e construiu o importante edifício da estação de Juazeiro, o qual foi impiedosamente demolido na ocasião da construção da ponte sobre o Rio S. Francisco. Era um primor de arte constituindo-se num monumento arquitetônico de grande valor e significação, conforme se verifica através da descrição feita pelo jornal “Folha do Povo” transcrito no livro “Juazeiro na Estreita do Tempo”, de autoria do Dr. Edson Ribeiro.
       A referida Estação Ferroviária foi inaugurada em 1907.

                                   fonte:  http://www.ibamendes.com



MERCADO MUNICIPAL
     Edificado na margem do rio, no centro comercial da cidade, foi batido a pedra fundamental desta construção em 1912. Foi inaugurado a 2 de julho de 1916.




CAIS DO PORTO

      Batida a pedra fundamental da obra, logo no inicio de sua administração, tratou Aprígio Duarte de prosseguir nos trabalhos de construção de rampas, onde foi modificado depois, quando se construiu novo cais.

fonte: sentoseemfoco.webnode.com.br


Retirado do livro: História do Município de Juazeiro (Resumo)




Lendas Urbanas de Juazeiro Bahia

Retirado do livro: Você Acredita em Assombração - Acervo pessoal






Lendas de Juazeiro - Ba


Retirado do Livro: Era uma vez...Lendas

Lendas do São Francisco


 Retirado do livro: Era Uma Vez... Lendas , disponível na biblioteca da Diocese -Juazeiro - Ba

Lendas do Velho Chico

Retirado do livro Lendas do Velho Chico que está disponível na Biblioteca da Diocese - Juazeiro

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Rio e o Folclore


Assombrações do Velho Chico

fonte da imagem : http://parlim.blogspot.com.br


         O rio era menino, sem barcas, vapores, remeiros e vaporzeiros. No barranco vivia o índio que, com sua canoa, se deslocava para ilhas e vazantes, onde plantava e pescava em coroas e peraus.
          Um dia chegaram novos povoadores, brancos vindos de outras terras, outros horizontes. Era gente da Garcia D’Ávila que trazia a missão de abrir roças, instalar currais e fazendas, que mais tarde seriam povoados, vilas e cidades. Vindo das praias, planícies e montanhas do Portugal. Gente brava, trabalhadeira e corajosa e que, por espírito de aventura, uns, desejo de riqueza, outros, cumprindo castigos muitos, chegou à beira do rio em busca de vida nova.
          Dos índios ouviram as primeiras históricas de assombrações que moravam no rio. Com o passar do tempo, os portugueses começaram a criar novas assombrações, geradas nas longas noites de solidão, escuridão e medo, às quais deram nomes que as almas do outro mundo dos índios não tinham. Dessa forma surgiu o Nego d’água que morava nos peraus, e de quando em quando, aparecia nas pedras e coroas para esquentar-se do sol, sempre com os filhos negrinhos. A mulher Nega d’água jamais foi criada e ninguém jamais soube explicar qual a razão. Até bem pouco tempo muita gente juntava e batia fé, dizendo ter visto o Nego d’água.   Foi também criada a história de que o Nego d’água espantava os peixes do caminho de pescadores que não jogavam no rio pedaços de fumo de corda, antes de sair para pescaria. Também diziam que o nego d’água virava canoa de pescador que não colocava faca afiada no fundo de sua embarcação. Criou o Cabeção, figura disforme com a cabeça imensa, que saía do rio de vez em quando para assombrar pescadores. O Minhocão, outra assombração que provinha dos peraus, onde morava para destruir barracos, roças, prejudicar as pescarias. Até serpentes encantadas, inventaram os povoadores brancos. Quando menino, aqui em Juazeiro, onde nasci, vezes sem conta, ouvi contar histórias de pregação de um padre capuchinho feita no tempo em que Juazeiro ainda era vila, quando o sacerdote disse que na Ilha do Fogo morava uma serpente encantada que vivia presa em um fio de cabelo de Nossa Senhora das Grotas. Essa serpente, disse o frade, se os homens não deixassem o pecado e as mulheres continuassem tomando os maridos alheios, ela quebraria o fio de cabelo de Nossa Senhora onde estava presa, sairia do perau onde morava e destruiria Juazeiro e Petrolina.
          Assombrações criadas pelo medo e solidão das noites de temor, ouvindo o ronco dos animais que viviam no barranco e bater dos peixes no rio, foram transmitidas de pai para filho, tornando-se famosas, passaram a fazer parte da vida de todos quantos moravam ao longo do rio.
          Com o aumento do movimento de barcas, vapores e empurradores que viajavam  rio acima, rio abaixo, as assombrações foram sendo espantadas e desapareceram. Hoje vivem na lembrança dos mais velhos, apenas lembranças que o tempo se encarregará de fazer com que desapareçam, ( se não houver que as preservem).

Ermi Ferrari Magalhães

(retirado do livro Navegação no Rio São Francisco)

sábado, 7 de julho de 2012

História do Município de Juazeiro

(edição esgotada, mas pode ser encontrado na biblioteca da Diocese - Juazeiro -BA) 

Folclore de Juazeiro

Retirado do livro: Você Acredita em Assombração - Acervo pessoal



Histórias que o povo conta


Retirado do livro: Você Acredita em Assombração - Acervo pessoal

Maria Franca Pires


Lampião no município de Juazeiro




“Vindo das bandas do Cumbe, atualmente Euclides da Cunha, Lampião, em seguida à primeira luta travada em território baiano, onde morreram os soldados Juvenal A. da Silva e Francisco G. Filho, bem como o Sargento José Joaquim de Miranda, em companhia de bandidos, inclusive Corisco, tomou a direção do município de juazeiro, passando pelo lado leste das terras do município de Curaçá. Percorrendo várias léguas/dia, teve a polícia do Tenente Odonel no seu encalço e foram direto ao povoado da Abóbora, onde existiam nada menos de 15 casas, um recém inaugurado cemitério e um barracão de feira, este no local onde existem um mercado. Discutia-se àquela época, se Abóbora estava no município de Senhor do Bonfim ou de Juazeiro, pendência que foi resolvida anos depois com a criação do município de Jaguarari, ocasião em que se fez a linha divisória dos municípios pela parte Leste do povoado, hoje vila, que passou a pertencer, desta forma, a Juazeiro. “

Livro: Lampião no Município de Juazeiro - Jorge de Souza Duarte

 (retirado do blog de Parlim  -  http://parlim.blogspot.com.br/)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

História da Navegação - Rio São Francisco


                                      ( Esse livro pode ser encontrado na papelaria Officium)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Primeiro Vapor?

Fonte: Acervo pessoal  do Sr. Cosme

SALDANHA MARINHO: PRIMEIRO VAPOR

Ermi Ferrari Magalhães

O Imperador Pedro I, monarca de ideias avançadas para a sua época tomando conhecimento da existência, em seu Império, de um rio que ligava o Sul ao Norte, contratou o engenheiro Halfeld, alemão que estava em missão científica no país, para fazer uma viagem de levantamento geográfico do São Francisco, da cachoeira de Pirapora, até sua desembocadura no Oceano Atlântico.
         A viagem durou cerca de dois anos, meticuloso e muito organizado, Halfeld, fez levantamento e anotações sobre todos os acidentes geográficos do São Francisco, desde a Cachoeira de Pirapora até a desembocadura no Atlântico e elaborou substancial relatório, que entregou ao Imperador, no qual considerava o São Francisco navegável de Pirapora até a passagem da Juazeiro e na época das cheias até Santa Maria da Boa Vista.
Entusiasmado com o resultado da viagem de Halfeld, o Imperador encomendou um estaleiro Inglês, para a construção de embarcação apropriada a navegar no São Francisco. Chegou ao Rio de Janeiro, desmontada, e foi transportada até Sabará em Minas Gerais,  ás margens do Rio das Velhas, em uma viagem que durou mais de um ano. A montagem foi demorada, pois os recursos eram precários e as dificuldades  imensas mas com a colaboração de operários do Imperial Estaleiro Naval do Rio de Janeiro e dos técnicos ingleses, conseguiram concluir a montagem e a embarcação foi lançada nas águas do Rio das Velhas que, na época, era navegável.
Tripulados por oficiais e marinheiros da Imperial Marinha do Brasil, a embarcação com o nome de Almirante Saldanha Marinho, desceu o Rio das Velhas, até a Barra do Guaicui, e entrou no São Francisco descendo até o porto do Juazeiro, onde foi recebida com festas bem maiores do que a oferecida pelas demais cidades ribeirinhas.
O Saldanha Marinho foi denominado pelos barranqueiros com o nome de vapor, pois suas rodas laterais eram movidas por uma caldeira de para produzir o vapor necessário á movimentação.
O Saldanha Marinho chegou a fazer viagens a Santa Maria da Boa Vista e, durante muitos anos, viajou de Juazeiro a Pirapora, conduzindo passageiros e cargas, rebocando uma lancha até a década de 60, quando deixou de navegar. Foi desmontado e armado numa praça no cais de Juazeiro, transformando-se em bar e restaurante. Em 1988, um incêndio destruiu toda a estrutura de madeira.
Em 1990, foi reconstruído e continua sendo uma das atrações turísticas da cidade.

Livro: Navegação do Rio São Francisco

Digitado por Felipe Almeida de Souza

Ermi Ferrari


Primeira Embarcação


                               fonte:   http://www.consciencia.org/barqueiros-do-rio-sao-francisco


AJOUJOS
Primeira experiência no transporte de cargas

Ermi Ferrari Magalhães

         Descoberto, o Brasil transformou- se em colônia de Portugal, onde o rei, para tornar mais fácil a colonização, deliberou a sua divisão em sesmarias, que foram doadas aos nobres de sua estima. Uma dessas sesmarias, abrangendo grande parte de área do vale do São Francisco foi doada ao nobre Garcia D` Ávila que, instalando no litoral, na sua casa da torre, resolveu deslocar uma parte de seus servos, para ocupar terras nas margens do Rio São Francisco, com a recomendação de implantar roças, criar gado vindo do litoral, em currais, que serviram de base  para povoados, vilas e futuras cidades, que, atualmente, existem nas margens do rio.
         Esses colonizados, conhecidos como gente de Garcia D`Ávila, sentiram, com o desenvolvimento das roças, currais e povoados, fruto de um trabalho persistente e organizado, a necessidade de embarcações para transportar o sal vindo do litoral, os produtos do reino, necessários à sobrevivência na margem do rio.
         Talvez com a experiência de outros rios juntaram cerca de quatro a cinco canoas dos índios, amarrando- as com tiras de couro cru e cipós, formando os Ajoujos, criando, deste modo, as primeiras embarcações empregadas no transporte de cargas, no São Francisco. Esses Ajoujos desciam o rio para os portos de acesso aos caminhos do litoral, que começavam a ser implantados. Levavam produtos das fazendas e voltavam com produtos do reino.
       Dessa forma, segundo consta de antigos documentos, foi iniciado o transporte de cargas ao longo do rio. Embora precário, na época, razoavelmente resolvia o problema.

Fonte: Livro: Navegação No Rio São Francisco

Texto digitado pela aluna  Micaela

Reisado



Reisado

Juazeiro - BA, Rodeadouro,  06 de janeiro de 1972
Antonila da França Cardoso

       Encoberto pela noite, um grupo de homens, mulheres e crianças caminha em direção a uma determinada casa. Vão sem fazer ruído e as poucas conversas são sussurradas. À frente, uma senhora conduz um lampião a querosene para clarear o caminho.
       Avisadas, com antecedência, sobre o dia em que receberão a visita do Reisado, as famílias preparam bolos, biscoitos e bebidas pra oferecer aos visitantes. Ao pressentir a aproximação do grupo, os donos da casa escolhida fecham a porta e aguardam do lado de dentro.
       Diante da porta fechada, o grupo se organiza e entoa o Bendito do Reisado:

“Ô de casa, nobre gente
Escutai o que direi
E do Partido Oriente
A chegada dos Três Reis

Os Três Reis quando souberam
Que era nascido o Messias
Montaram em seus cavalos
Com prazer e alegria

O primeiro trouxe ouro
Para seu trono ornar
O segundo trouxe incenso
Para seu trono incensar

O terceiro trouxe mirra
Para saber se é mortal
E com a Virgem Maria
Receber seu bento Filho

Bateu asas, cantou galo
Quando o Salvador nasceu
Cantam anjos nas alturas
Gloria in excelsis Dei

Senhora dona de casa
Não me mostre cara feia
Que do céu vem lhe caindo
Pinguinhos d’água de cheiro

Me abra a porta que eu morro
Não abra que eu já morri
Não me faça perder a alma
Que a vida eu já perdi


Senhora dona de casa
É uma flor de melancia
Parece estrela d’alva
Quando vem rompendo o dia”

       Ao concluir esta estrofe, o grupo é tomado de animação diferente. Soam os atabaques, tambores de couro, pandeiros e triângulos. As mulheres e as crianças batem no ritmo vigoroso do samba-de-véio.

“Ô me abre a porta
Ô sinhá ê
Que eu quero entrar
Ô sinhá ê

Eu venho de longe
Ô sinhá ê
Quero vadiar
Ô sinhá ê”

       A porta é aberta e os donos da casa recebem o Reisado, com maior alegria e muitas palmas. O grupo entra e o samba-de-véio começa animado:

“Chora viola, chora mais eu
Chora viola, quem vai embora sou eu”

      Uma moça joga o verso:

“Quando saí lá de casa
Minha mãe me encomendou
Minha filha não apanhe
Que sua mãe nunca apanhou”

       O coro responde:

“Chora viola, chora mais eu
Chora viola, quem vai embora sou eu”

       Um rapaz joga um verso provocando as moças:

“Essas mocinhas de hoje
Não namoram um rapaz só
Namora com três e quatro
Pra ganhar lata de pó”

       O grupo responde animado:

“Chora viola, chora mais eu...

      Uma moça responde à provocação

“Os rapaz de hoje em dia
Não sei o que estão pensando
Namora as mulhé casada
Deixa as solteiras penando”

       Soam gargalhadas e, agora, as torcidas já estão divididas:

“Essas mocinhas de hoje
Que só pensa em se casar
Bota a panela no fogo
Mas não sabe cozinhar

Chora viola...”

       Os donos da casa vão servindo café com bolo, aguardente, e o samba prossegue durante cerca de meia hora. O grupo se desprende, os instrumentos silenciam e o Reisado, agora com acompanhamento acrescido das pessoas visitadas, vai apresentar-se em outra casa.
       Geralmente 6 casas são visitadas por noite e, na última, o samba-de-veio vai até o sol raiar.
       Na mesma vila do Rodeadouro, pesquisamos outro Reisado em tudo semelhante ao descrito, mas entoando este Bendito:

“Bendito louvado seja
O Menino-Deus nascido
E que no ventre de Maria
Nove mês foi aparecido
E aparecido em Roma
Revestido no altar
Cálix de ouro na mão
Nova missa e missa nova
Hoje noite de Natal
Neste terreiro eu assento
Que eu já venho muito cansada
De longe trago notícia
Que o nosso Reis já está ganhando”

      O último verso é referência à classificação que, em tempo passado, era feita pelo povo entre os vários Reisados do lugarejo.


Livro: Nosso Vale... Seu Folclore Beira-Rio

Digitado pela aluna Beatriz Cavalcanti

Folclore do Vale


Gongos Em Juazeiro -Bahia

Retirado de: http://culturalaeca.blogspot.com.br/p/congos-juazeiro-ba.html



OS CONGOS
Juazeiro-BA, 30 de outubro de 1972       
Antonila da França Cardoso             
               Os festejos de Congos, em Juazeiro costumam ocorrer em fins de outubro ou início de novembro e está ligada às homenagens à Nossa Senhora do Rosário.
            Às seis horas da manhã, eles estão nas ruas festejando sua padroeira. Vozes rouquinhas, desencontradas, arfantes pelo esforço despendido na marcação dos passos, cantam com grande entusiasmo:
“A Viuge do Rosaro
É a nossa guia
Louvemos a Deus
E a viuge Maria”
        Neste ano, trajam calças brancas e blusas azuis com golas cor de rosa; vivos azuis na gola tipo marinheiro e cor de rosa na boca das mangas. As divisas de hierarquia são colocadas na gravatinha curta. Na cabeça, bicos brancos, com pedacinhos de espelho incrustados.
            À frente do grupo, o zelador com a bandeira do Rosário. Em fila dupla, os Congos encabeçados pelos seus guias – dois exímios pandeiristas. Nota-se atualmente a expressiva redução numérica do grupo e a presença quase maciça de crianças. Sempre dançando, os Congos se dirigem à casa do Rei e da rainha do ano:
“Nossa Rainha mandou-me chamar
Nossa Rainha mandou-me chamar
Vamos a terra pisar devagar
Vamos a terra pisar devagar ”
           Os soberanos muito bem trajados aguardam a chegada dos Congos e juntos se dirigem à Catedral de Nossa Senhora das Grotas. O rei vai à frente seguido do grupo que vai dançando e soltando fogos.
“Que Senhora é aquela
Quem vem naquela bandeira?
-É a Virgem do Rosário
Que ela é nossa padroeira

Que Senhora é aquela
Quem vem nas alturas?
-É a Virgem do Rosário
Mãe de Deus, a Virgem pura

Menina da saia branca
Que é que traz nesse balaio?
-Trago cravos e rosas
Para a Virgem do Rosário”
          Até o final da década de 1950, os Congos costumavam realizar a Cerimônia do Mastro, em frente à Igreja de N.Sª das Grotas sob a orientação de José Cassiano e, posteriormente, Cipriano. Oito dias antes da festa, os Congos se dirigiam à Praça Matriz cantando, com todo respeito:
“Vamos à Igreja
Vamos louvar
O pé do Cruzeiro
Vamos beijar”
         Junto ao velho cruzeiro que ali havia, fincavam o mastro, em cuja extremidade superior havia um quadro de tecido cor de rosa, pintado nas duas faces com a imagem de N.Sª do Rosário, em moldura de madeira. Uma carretilha fazia o quadro girar ao sabor do vento. Durante a cerimônia cantavam os mesmos versos que cantam hoje ao se dirigirem à Catedral. O mastro ali permanecia até sete dias após os festejos. No dia da festa, os Congos, devidamente uniformizados, acompanhavam os futuros reis até a Igreja, cantando:
“Alegre gente
Que vou levar
Rainha nova
Pra coroar”
          Durante a missa festiva o próprio padre coroava os reis, após o que os Congos deixavam a igreja e iam derrubar o mastro. Este era conduzido para a casa da rainha recém –coroada, onde permaneceria até o ano seguinte. No percurso e volta os Congos também acompanhavam, até suas casas, os reis do ano anterior, entoando a forma variante da mesma quadrinha:
“Alegre gente
Que vou levar
Rainha velha
Pra entregar”
          Esta cerimônia deixou de ser realizada há cerca de12 anos. Atualmente, ao chegarem à catedral os Congos entram em silêncio e ocupam os primeiros lugares. Às nove horas, participam da missa solene em louvor de sua padroeira. Ao final da cerimônia, dançam em redor da Catedral e reconduzem os reis à sua residência, sempre cantando:
“Viva Maria no céu
Viva Maria no céu
Viva Maria no céu e na terra
Junto com nosso Senhor.”
           Em casa dos soberanos, régio café os aguarda. No ano em que não há pagadores de promessa, ou se estes não têm condições de oferecer-lhes o café, os Congos o tomam em casa do seu chefe, ou do seu guia, o velho Berto (Bertolino Cardoso dos Santos), responsável pela direção dos ensaios desde um mês antes da festa.
           O resto do dia os Congos gastam em seus folguedos, dançando e bebendo cana. Costumam visitar a casa de alguns de seus companheiros, membros da irmandade de Nossa Senhora do Rosário, ou de pessoas que, de alguma maneira, contribuem para o brilhantismo de sua festa. Nessas casas, costumam beber e, antes de retirar-se, dançam um pouco em sinal de agradecimento:
“É marujo do mar
-Marinheiro só
Eu também sou do mar
Marinheiro só”
          Seus cantos são uma mistura de louvor à Virgem do Rosário e melancólicas toadas de marujos:
“Eu sou marinheiro arrojado
Nos mastros da gaioneira*
A viugem Santa do Rosário
                                                             E a nossa padroeira

E a nossa padroeira
A viugem Santa do Rosário
                                                             Valei-me Nossa Senhora
                                                             E a cruz do santo sacrário

    Eu sou marinheiro arrojado...

Convidemos Vosssa Graça
Nem que seja num só fim
                                                              Vamos louvar a senhora
 E ao amado São Domingos

     Eu sou marinheiro arrojado...

 Ao Senhor dos Navegantes
                                                             Seja o nosso amparo
                                                             A estrela que nos guia
                                                             E a Senhora do rosário

   Eu sou marinheiro arrojado...

  Eu sou navegante sem barco
                                                             Venha vós nos amparar
                                                             A Senhora do Rosário
No céu, na terra e no mar

Eu sou “marinheiro...”

* gaioneira- deturpação do vocábulo canhoneira.





Livro: Nosso Vale... Seu Folclore Beira-Rio